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Fundos de pensão fortalecem a economia

Jusprev
17 de dezembro de 2008

Reproduzimos, em seguida, artigo de Luiz Guilherme Piva, Diretor-técnico da LCA Consultores: “A maioria das cartas de brasileiros enviadas ao Papai Noel deve ser de pedidos de crédito. Mas ele próprio deve estar com dificuldades para financiar a produção de presentes. Muitas fontes secaram. O temor com a crise financeira internacional, os problemas de algumas empresas com operações de derivativos, a queda de consumo e de produção e a elevação do risco fizeram com que os detentores de recursos trancassem o cofre. Mesmo para quem tem a ficha cadastral excelente – como deve ser o caso do Papai Noel.

O governo tenta suprir a seca por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF). Também liberou parcela das reservas cambiais para financiar empresas com dívidas externas, flexibilizou operações de redesconto, ou seja, empréstimos que os bancos tomam no Banco Central (BC), reduziu depósitos compulsórios (parte dos recursos bancários recolhidos ao BC), ampliou prazos de recolhimento de impostos e determinou a redução de alguns tributos.

São medidas acertadas. Poderão atenuar o desaquecimento inevitável oriundo da crise. Mas demorarão a recriar liquidez para a economia seguir investindo e crescendo em ritmo parecido com o que vinha sendo registrado. Isso porque os efeitos negativos da crise ainda estão em curso e a reversão desse ciclo não é rápida nem fácil. E porque, e talvez principalmente, a incerteza e a desconfiança dominam o mercado.

Crédito é confiança. Baixa incerteza é baixo risco. Os dois fatores determinam em grande parte o volume, as taxas e as condições dos financiamentos ao sistema produtivo. Os bancos em geral se retraem quando os dois fatores são adversos. Principalmente se verificam que alguns dos concorrentes enfrentam dificuldades por conta de inadimplências. Sobem os “spreads”, fecham as torneiras, chamam as garantias ou exigem sua ampliação, executam atrasos e se guardam para quando o carnaval voltar.

Só que, ao fazer isso, alimentam ainda mais a crise, uma vez que as empresas não têm onde buscar recursos – e só lhes resta escrever ao Papai Noel.

Mas existem outras fontes fora do sistema bancário – e que vivem uma ocasião de grandes oportunidades. São os fundos de pensão e alguns Fundos de Investimentos em Participações (os FIPs, conhecidos no vernáculo como “private equity”).

Os fundos de pensão dispõem de grande volume de recursos e têm baixa necessidade de liquidez. Com exceções, todos tinham baixíssima exposição em renda variável no início da crise.

Mesmo no caso dos que perderam com ações, os ganhos acumulados vinham sendo muito grandes. Além do mais, não têm necessidade de realizar vendas para saldar passivos urgentes.

Os fundos de pensão podem, por isso, seja de maneira direta, seja por meio de FIPs – no caso de participações no capital -, ou seja por instrumentos como debêntures, Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs) e Cédulas de Créditos Bancário (CCB) – no caso de financiamentos -, ou ainda por meio de um misto entre as duas modalidades (mezanino), como as debêntures conversíveis, podem, eu dizia, atuar fortemente em projetos e empresas que estão necessitando de capital. Ou mesmo adquirir ações, que estão uma pechincha (traduzindo: permitem ótimo “up side”).

O mesmo quadro se dá no caso daqueles FIPs que já haviam captado e que não realizaram muitos negócios. Eles têm disponibilidade de recursos, captados a custo mais baixo do que provavelmente os novos FIPs estão obtendo junto aos cotistas (quase sempre os mesmos Fundos de Pensão acima) e vêem os preços das empresas (fechadas e abertas) baratos como poucas vezes estiveram.

Como o negócio principal dos “private equity” é vender empresas (comprar e gerir são etapas obrigatórias, mas digamos ancilares), quanto mais barata é a compra, maior será o ganho. Certo?

Só que a incerteza, a desconfiança e as leis de oferta e procura têm feito subir as exigências de remuneração dos fundos de pensão e dos FIPs. Cobram retornos mínimos maiores do que antes para compensar o risco, e talvez demorem a rever para baixo essa expectativa. Mas são eles, hoje, as fontes mais profícuas para as atividades produtivas, ainda mais em casos de projetos grandes como os de infra-estrutura.

Estes podem ser a porta de saída da crise de crédito. Embora, infelizmente, não para este Natal”

(Gazeta Mercantil)

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