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Planos de previdência instituídos por fundos de pensões de organizações e classes surgem como mais uma alternativa para garantir a manutenção da renda no futuro

Jusprev
22 de março de 2012

Os chamados planos instituídos, que são na prática os fundos de pensões formados pelas instituições de classe como cooperativas, sindicatos e associações, já acumulam no país R$ 1,2 bilhão em ativos. O segmento, que começou a ser formado a partir de 2004, está vendo seu patrimônio crescer a passos largos nos últimos oito anos. A aposta mais recente do setor é que a formação do fundo complementar dos servidores públicos federais, em via de ser aprovada no Senado, vá estimular a discussão sobre esse tipo de previdência no país, engrossando a massa de brasileiros interessados em fazer poupança para aposentadoria.
Entre os 92 milhões que formam a população economicamente ativa no país, 3 milhões têm fundos de pensão. A Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) estima que este número pode atingir 20 milhões e nesse crescimento os fundos instituídos se tornam a bola da vez, disputada a peso de ouro.
É certo que o novo mercado patrocinado com força pelas entidades de classe é um grão de areia perto dos fundões das grandes estatais, que no Brasil acumula R$ 550 bilhões em ativos. A previdência complementar dos servidores do Banco do Brasil, Previ (R$ 150 bilhões); da Petrobras, Petros (R$ 50 bilhões); e da Caixa Econômica Federal, Funcef (R$ 40 bilhões) respondem por mais de 40% dos investimentos. Mas a despeito dos gigantes, o crescimento dos menores (veja quadro) faz crescer a disputa em um mercado que movimenta 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Apostando no envelhecimento da população e no interesse do brasileiro em ter renda além da Previdência Social, o setor acredita no crescimento dos fundos instituídos até mesmo nas empresas privadas. “Esse modelo de previdência não tem a necessidade de contar com a contribuição patronal. A contribuição pode ser feita a partir da arrecadação entre os participantes”, aponta Newton Carneiro, diretor administrativo da Petros. “É uma forma de a empresa reter seus profissionais”, completa José de Souza Mendonça, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Segundo ele, o crescimento percentual do segmento mostra grande potencial. “Ele saiu do zero em 2004 e hoje já acumula R$ 1,2 bilhão em patrimônio.”
Os fundos instituídos gerenciados pela previdência complementar da Petrobras contam com 12 mil participantes, pouco menos de 10% do total, e acumulam R$ 420 milhões em ativos. O segundo maior fundo instituído no Brasil é o gerenciado pela cooperativa de médicos Unimed – BH, com investimentos na ordem de R$ 196 milhões e 4,8 mil participantes.

Sozinho, o da Ordem dos Advogados reúne 52 mil participantes e abocanha 50% dos fundos de pensões dentro da modalidade relativamente nova. Em Minas, seis mil advogados aderiram à aposentadoria complementar, pagando mensalidades que começam a partir de R$ 115 e somam patrimônio de R$ 50 milhões acumulados em seis anos, com gerenciamento próprio. “Cada participante escolhe com quanto quer contribuir a partir do que pretende receber quando se aposentar”, informa o diretor presidente da OABPrev em Minas, Roberto Perecini. Ele lembra que a poupança do brasileiro, além de garantir renda no futuro, financia investimentos no país, como obras de infraestrutura.
VIDA LONGA

O economista e coordenador do MBA em administração da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Tharcísio de Souza, aponta a expectativa de vida do brasileiro, que saltou de 42 anos na década de 1940 para os 73 anos atuais, como um sinal verde para o crescimento do sistema complementar. “A maioria dos aposentados volta para o mercado de trabalho porque a aposentadoria pública não é suficiente.”

Segundo Souza, a previdência complementar é a forma para amparar os mais velhos e por isso o setor privado deve ganhar espaço, mesmo com a Previdência Social, garantindo para as classes de mais alta renda recursos maiores que o do setor público. Os fundos instituídos podem ter gestão própria, como o da OAB, ou podem ser geridos por grandes organizações, como o da Unimed-BH. A longevidade do brasileiro e o crescimento da renda são os principais responsáveis pelo avanço desse tipo de poupança. Entre setembro de 2010 até igual período de 2011, os ativos dos planos instituídos saltaram de R$ 936 milhões para R$ 1,2 bilhão, segundo dados da Abrapp.

Mas, qual a diferença entre um fundo fechado de previdência e a previdência privada que pode ser contratada nos bancos? Defensores do sistema complementar argumentam que, como não há dentro da modalidade remuneração do acionista, essa é uma parcela que permanece no fundo, o que possibilitaria maior rendimento. Mas um dos principais diferenciais se dá quando a Contribuição é partilhada entre o trabalhador e a organização.

SAIBA MAIS: POUPANÇA PROGRAMADA

Fundos de pensão são entidades fechadas de previdência. Constituídas por empresas ou grupos de empresas, elas fazem investimentos para garantir a complementação da aposentadoria aos empregados ou a profissionais que aderirem ao plano, nos casos dos planos instituídos. Se o empregado ou profissional liberal deixa o plano, ele tem direito a retirar parte do que contribuiu. Mas analistas costumam alertar que desistir no meio do caminho não é um bom negócio. O participante de um fundo pode deduzir até 12% de sua renda tributável. Já a empresa que contribui pode descontar até 20% das receitas operacionais. De um modo geral, o risco de participar de um fundo é que ele não consiga pagar o tão sonhado benefício no momento em que o segurado se aposenta. Por isso, é importante acompanhar de perto os movimentos de sua previdência complementar.

MERCADO DE GIGANTES

Evolução dos ativos dos planos instituídos por organizações de classes (R$ – em milhões)

(Jornal O Estado de Minas)

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