A maior concorrência aberta pelo governo federal na década vai passar por momentos decisivos nas próximas semanas. Pelo menos seis grupos estrangeiros preparam neste momento consórcios para disputar a licitação enquanto aguardam os detalhes do projeto do trem-bala, um contrato de US$ 11 bilhões que pode mudar a cara da indústria da construção pesada e de transportes no país. Na última quinta-feira, com três meses de atraso, chegou ao Ministério do Transportes a primeira parte do estudo técnico preparado pela consultoria inglesa Halcrow, com informações detalhadas sobre traçado, o modelo de negócios e sobretudo a projeção de demanda para o trajeto – o que determinará a viabilidade econômica do investimento. As empresas esperam ter acesso ao conteúdo do estudo ainda este mês, quando o material deve ser colocado em consulta pública, e a partir daí preparar seus lances.
Os grupos estrangeiros envolvidos na disputa passaram os últimos meses reunindo-se com potenciais investidores, fornecedores e sócios do projeto. As conversas envolvem bancos privados, fundos de investimento, fontes oficiais de crédito e muitas empreiteiras estrangeiras e nacionais. Dos US$ 11 bilhões previstos para o projeto, estima-se 75% serão destinados à parte de construção civil da obra, e apenas 25% vão para equipamentos de transporte propriamente ditos – o que tem justificado a procura por sócios entre as construtoras.
Os interessados que se preparam para disputar a concorrência são liderados pela francesa Alstom, a alemã Siemens, o conglomerado japonês Mistui – associado a fornecedores locais -, as estatais responsáveis pelo trem bala coreano, a China Railway Materials (CRM) e a italiana Ansaldo Breda. Fontes do setor acreditam que pelo menos quatro desses grupos devem chegar à concorrência com fortes chances de arrematar o contrato.
As informações preliminares do relatório preparado pela Halcrow dão conta de que o negócio será formatado como uma espécie de Parceria Público Privada (PPP), com subsídio público, mas não necessariamente na forma de transferências regulares ao consórcio vencedor. O que deve haver é uma participação do Estado na engenharia financeira do projeto. Uma hipótese bastante cogitada é oferecer o BNDES-Par e até fundos de pensão de estatais como sócios estratégicos na operação, para viabilizar o investimento, à semelhança do que foi proposto nos leilões das usinas hidrelétricas do rio Madeira.
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