Foi dada a partida para o festival das aposentadorias nos Estados Unidos: os integrantes mais antigos da onda de nascimentos entre 1946 e 1964 – a geração conhecida como “baby boom” – fazem 65 anos neste mês.
É discutível com que ânimo essa geração com 79 milhões de pessoas deveria comemorar, pelo menos no que diz respeito a suas finanças. Segundo uma pesquisa do Pew Center de maio de 2010, 57% dos “baby boomers” disseram que sua situação financeira se deteriorou desde o início da recessão de 2007. São nove pontos percentuais acima da média nacional e pior do que qualquer para outra geração já pesquisada.
Os boomers, especialmente os mais velhos do grupo, estão colocando um ponto final em seus anos de trabalho e poupança logo depois que os valores das moradias despencaram, os mercados acionários em todo o mundo caíram e a taxa de desemprego nos EUA dobrou. Tudo isso representou um alerta para aqueles que não vinham poupando o suficiente para a aposentadoria, dizem planejadores financeiros.
“Foi um infeliz lembrete de que você não pode apenas poupar um pouquinho e esperar que o mercado faça o resto por você”, diz Aznar Marnie, diretor da Financial Advisors Aznar, em Morris Plains, New Jersey.
Ainda que a economia não tenha ido ao colapso, os boomers defrontam-se com problemas que seus pais muitas vezes puderam evitar. Aposentadorias cobertas por planos dos próprios empregadores são cada vez mais raras, e por isso a muitos boomers falta uma fonte de recursos para aposentadoria que algumas das gerações anteriores tinham como assegurada. “Poucas gente percebe quão importante foi isso para aqueles que se aposentaram em épocas anteriores”, diz Steven Medland, diretor da TABR Capital Management, em Orange, Califórnia. Medland estimou que aposentadoria de um seu cliente com US$ 80 mil por ano implica um pé de meia de US$ 1,6 milhão.
A mulher média com 65 anos de idade tem uma expectativa de viver outros 20 anos, e o homem médio com 65 anos tem uma expectativa de vida de quase 18 anos mais. Os americanos estão vivendo 7,5 anos a mais, em média, do que em 1970. Maior esperança de vida significa que os aposentados podem desfrutar mais de sua aposentadoria, mas também torna a aposentadoria muito mais cara.
Os boomers “são uma geração de pessoas muito ativas”, diz Elaine Scoggins, diretora de experiência do cliente na Merriman, consultoria financeira, em Seattle. “Quanto mais tempo você está ativo fisicamente, mais será capaz de gastar dinheiro e de viajar. Você precisa planejar para isso.”
Nem todas as notícias financeiras para os baby boomers tem sido ruins. A partir de sua idade adulta, essa geração teve três décadas ou mais para se beneficiar da alta nos preços das moradias, de uma economia em crescimento e da valorização das ações.
Segundo dados da Bloomberg, desde 1967, quando o mais velho dos boomers completou 21 anos, até 2010, o índice de ações Standard & Poor’s 500 proporcionou um retorno total, inclusive dividendos, de 5.785%, ou 9,7% ao ano. Aqueles que entraram e saíram 10 anos mais cedo se deram melhor: quem investiu de 1957 a 2000 obteve um retorno de 13.518%, ou 12% ao ano).
O derretimento financeiro dos últimos anos assustou muitos boomers, e com razão. Mas os investidores que permaneceram no mercado de ações tiveram compensadas parte de suas piores perdas. Em 5 de janeiro, o S&P 500 atingiu seu nível mais alto desde 2 de setembro de 2008, antes do colapso do Lehman Brothers e do pior da crise financeira.
Entre muitos boomers, a recuperação do mercado “foi como um suspiro coletivo de alívio”, diz Medland. No entanto, persistem riscos significativos, tanto nos mercados de ações como de títulos. “Infelizmente, o mercado pode ser muito volúvel”, diz ele.
(Valor)