A vida financeira pós-eleição.

nov 3, 2022 | Destaque, Notícias

Tradicionalmente, toda eleição traz uma pergunta: o que faço com meus investimentos, o que preciso mudar?

Minha resposta é: em princípio, nada. Isso se deve ao fato de que o investimento deve ser precedido de um planejamento baseado em objetivos de vida a serem alcançados. A partir do planejamento financeiro define-se a estratégia, considerando o perfil do investidor (conservador, moderado, arrojado e agressivo) e o cenário econômico. Os produtos devem refletir a estratégia definida para o curto, médio e longo prazo.

Uma alocação por produto (em vez de ser por estratégia) não costuma ter consistência no médio e longo prazo, pois o investidor foca no melhor investimento (produto) naquele momento, e paga um imposto de renda significativo. Quanto maior número de vezes trocar de posição, mais imposto de renda é pago e a receita federal é a beneficiada. No mercado financeiro, o resultado (o sucesso financeiro) é dado pela capitalização composta dos juros no médio e longo prazo. Mas há sempre a ilusão de que as apostas de curto prazo é que vão fazer a diferença. “Só que não”! Esse viés ocorre pois os investimentos são acompanhados pela rentabilidade bruta e o seu dinheiro cresce pelo valor líquido. O grande benefício da Previdência Complementar é que você só pagará Imposto de Renda no momento do resgate de acordo com a tributação escolhida: progressiva ou regressiva. Menos imposto, mais dinheiro.

Como fazer alocação com resultado consistente:

Reserva de emergência ou curto prazo – aplicações indexadas ao CDI/Selic com liquidez diária.

  • O produto mais demandado neste momento é o CDB-DI. As instituições estão oferecendo liquidez diária com taxas entre 95 e 100% do CDI.
    1. Cuidado com os apelos emocionais, que oferecem uma taxa ligeiramente maior, mas pelo prazo de 6 meses (ou menor), no máximo 1 ano. Aplicações inferiores a 2 anos possuem uma tributação maior, o que reduz o retorno. Quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado até o resgate, maior o seu ganho pelo efeito dos juros compostos sobre o valor inicial.
  • Pode considerar, também, como Reserva de Emergência, o Tesouro Selic e Fundo de Renda Fixa Referenciado DI.
  • Você pode também usar uma parte do dinheiro em LCA/LCI (isento de tributação) com liquidez após 90 dias.

Reserva de médio prazo (de 2 a 10 anos)

  • Podemos manter o dinheiro em renda fixa inflação + juros, como já era recomendado, principalmente enquanto o juro real estiver neste patamar, entre 5 e 6%aa.
  • Aplicações em multimercado devem continuar positivas, mas tenha gestores diferentes para diversificar o risco de acordo com a visão de cada administração
  • Ações – devem subir com entrada de recursos estrangeiros. Setores que a priori podem ser beneficiados: construção civil, consumo, bancos.

Reserva de Longo prazo (a partir de 10 anos)

  • A Previdência Complementar vem se mostrando a melhor opção, tanto pelo benefício fiscal de postergação do pagamento do imposto de renda, como planejamento sucessório e, ainda, pelo fato de a tributação só ocorrer no resgate, permitindo ganhos superiores a produtos com tributação periódica, principalmente fundos de investimento com come-cotas.

Algumas questões sobre o novo governo serão elucidadas oportunamente, mas a recepção inicial do Presidente Lula foi muito boa a nível mundial. O mercado financeiro aguarda um norte quanto aos seguintes principais aspectos, entre outros:

  • Que ministros que serão escolhidos para as pastas da Fazenda, Planejamento, Trabalho e Indústria? Qual terá o maior peso?
  • O governo pretende fomentar crédito e investimentos. Como será o crescimento de forma sustentável
  • A taxa de juros atual (13,75% aa) inviabiliza investimentos produtivos. Dinheiro parado pode inibir crescimento econômico.
  • Teremos reforma administrativa? E a situação fiscal como será tratada?

Vamos aproveitar o atual momento para rever o nosso Planejamento Financeiro para 2023?

 

Myrian Lund, especialista em finanças.

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