Adiar previdência afeta até 80% da renda do benefício

set 30, 2014 | Notícias

Especialistas alertam que brasileiro só se preocupa com aposentadoria depois dos 40 anos.

Com base na taxa básica de juros Selic atual (11% ao ano), adiar o primeiro aporte em planos de previdência complementar para depois dos 40 anos pode diminuir em até 80% da renda do benefício futuro, em relação aos aplicadores que começaram aos 25 anos de idade.

Num exemplo simples, um jovem que começa a poupar R$ 100 por mês aos 25 anos para uma aposentadoria aos 65 anos consegue acumular um patrimônio de R$ 732,838 mil, ou o equivalente a uma renda mensal vitalícia de R$ 3,664 mil, descontada a inflação.

Mas se a pessoa adiou o primeiro aporte para os 40 anos, a mesma contribuição de R$ 100 por mês resultará na idade de 65 anos, um patrimônio de apenas R$ 144,1 mil, cujo resultado é uma renda mensal vitalícia de R$ 720,50 descontada a inflação do período, 80% menor em comparação se tivesse começado a poupar 15 anos mais cedo.

Para o representante do Comitê de Educação de Investidores da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Aquiles Mosca, também executivo da Santander Asset, essa consciência de poupar mais cedo exige educação financeira e trazer o senso de urgência ao presente. “As pessoas não estão com a noção de urgência, frente o desafio de conquistar sua independência financeira que a aposentadoria exige. A mente está voltada ao prazer imediato e ao consumo”, diz.

Segundo Aquiles, a maioria das pessoas que compram planos de previdência VGBL [Vida Gerador de Benefícios Livres], PGBL [Plano Gerador de Benefícios Livre] o faz a partir dos 40 anos. “Em geral, as pessoas começam a trabalhar bem antes, por volta dos 20 anos, ou quando saem da faculdade, mas perdem praticamente 20 anos sem poupar para sua previdência”, alerta o executivo.

Ele argumenta que nessa idade de 40 anos, as pessoas já possuem algum tipo de poupança, mas não aquela separada voltada à aposentadoria. “O veículo mais adequado para essa finalidade é a previdência complementar”, aponta.

Juros reais altos

Por outro ângulo, o Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda possibilitam juros reais atrativos capazes de formar patrimônio por meio de produtos de previdência em renda fixa, considerada menos arriscada em relação aos produtos de renda variável (ações). “O patamar atual da Selic [a taxa básica de juros] é bastante atrativo e o investidor de previdência não precisa tomar muito risco”, afirma o superintendente de produtos de previdência do Santander, Gustavo Lendimuth.

No mercado, o principal produto adquirido por pessoas físicas é o VGBL de renda fixa. “Diferentemente do fundo tradicional, não tem o come-cotas, a cobrança semestral do imposto de renda (IR) sobre ganhos financeiros”.

Questão cultural

O superintendente contou a idade média da adesão dos investidores a planos de previdência complementar no Brasil é de 34 anos. “É uma idade muito avançada para começar a ter essa preocupação. A principal barreira é uma questão cultural forte, e uma oportunidade, precisamos desenvolver a cultura dessa poupança. Quem guarda dinheiro tem opções de escolher o que irá fazer”, diz.

Necessidades e prazos

Lendimuth ressalta que a pessoa física deve guardar dinheiro para atender necessidades de curto prazo, médio e longo prazo. “A primeira deve cumprir suas necessidades de curto prazo, eventualidades e imprevistos. A segunda responde por seus projetos de médio prazo, a troca do automóvel, a compra de um imóvel, de uma segunda casa na praia ou no campo. E também, a necessidade de se guardar dinheiro para o futuro, e não restringimos isso apenas para a aposentadoria, muitas vezes a pessoa não quer se aposentar, mas claro, previdência é muito relacionado com aposentadoria”, diz o superintendente.

Comportamento humano

Aquiles Mosca explica que a mente do ser humano busca o prazer imediato e o consumo, mas isso pode ser trabalhado. “As pessoas tem dificuldade de tomar decisões para o longo prazo, ela dissocia o eu de hoje, do eu de amanhã. A atitude de poupar para a aposentadoria precisa ser tratada como algo urgente”, alerta o executivo.

fonte: www.dci.com.br

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