Dose dupla no mercado financeiro: definição da taxa de juro americana e brasileira.
1) O FED aumentou a taxa em 0,75%, acima do esperado como havia deixado escapar na última sexta-feira, decorrente da apuração inflacionária acima das expectativas, levando a inflação anual americana a 8,6% nos últimos 12 meses. Após a definição da taxa e declarações pelo FED de que o próximo aumento não deve ser tão forte, os índices de ações americanos reagiram e voltaram a subir.
2) O Banco Central do Brasil por sua vez aumentou a taxa em 0,5%, conforme esperado e anunciou que, na próxima reunião, o aumento pode ser igual ou até menor, a depender do desempenho econômico e da evolução da inflação. Hoje a taxa Selic meta foi fixada em 13,25%aa.
A taxa DI a partir de 6ª. feira será negociada a 13,15%aa, o que significa, em média, 1,035%a.m, que pode variar se o mês tiver mais ou menos que 21 dias úteis (que é o mês financeiro padrão).
Com o aumento da taxa DI e a inflação nos últimos 12 meses em 11,73%, o ganho real das aplicações com liquidez diária já representa 1,27% ao ano, podendo chegar ao final do ano entre 4% e 5% ao ano. Um ganho excelente para o investidor brasileiro.
3) Conclusão: Aparentemente, a confirmação das taxas de juros esperadas deve trazer uma normalidade ao mercado, mas não sabemos por quanto tempo. A volatilidade a nível global deve continuar, pois o efeito do aumento da taxa de juros, além de prejudicar o crescimento das economias, provoca mudança no fluxo de recursos internacional.
No Brasil, o cenário ainda é agravado com o ano eleitoral que será palco de declarações ora positivas, ora negativas, e muitas dúvidas quanto à política econômica e fiscal do próximo governo.
Para o brasileiro, ter acesso a uma renda fixa com taxa de inflação + 5,5% a 6% ao ano é um convite a não se expor na renda variável, nem fazer muitas apostas, uma vez que obter taxa real por 5, 10, 15 ou mais por anos seguidos, é a garantia de uma boa renda na longevidade.
Myrian Lund
Planejadora Financeira da Lund Finanças