IBGE mostra que ainda é tempo de agir para evitar o colapso do sistema: população economicamente ativa é dez vezes maior que a de idosos
O Censo 2010 confirmou uma tendência irreversível de envelhecimento da população. A cada ano, nascem menos brasileiros, enquanto a expectativa de vida no país só aumenta. Estas são boas notícias, vindas no embalo de avanços sociais importantes, como a diminuição das taxas de mortalidade – sobretudo a infantil – e do planejamento familiar, mas significa um desafio a ser enfrentado com urgência.
A proporção de idosos vem crescendo a cada novo censo. As pessoas acima de 65 anos correspondiam a 4,8% da população, em 1991, passaram para 5,9%, em 2000, e agora chegam a 7,4%, ou 14 milhões. No mesmo período, o grupo 0 a 14 anos passou de 34,7% para 29,6% e, finalmente, 24,1%. Mantido esse ritmo, em poucos anos será impossível sustentar o já quase insustentável sistema de aposentadorias e pensões da Previdência Social.
É preciso agir enquanto é tempo. A população em idade economicamente ativa (15-64) ainda é cerca de 10 vezes maior do que a de idosos – uma situação definida tecnicamente como “bônus demográfico”. mas essa proporção deve cair drasticamente nas próximas décadas. Em 2010, os adultos somavam 130.742.024 contra 14.081.480 maiores de 65. A pirâmide etária do Brasil passa por um período de transição que, segundo projeções da ONU, levará o país a um cenário bastante próximo da França atual. O Brasil de 2050 teria 62,8% da sua população em idade economicamente ativa (15-64) contra 22,5% com mais de 65 anos. Ou seja, a proporção entre jovens e idosos cai a menos de um para três. Essas proporções se assemelham às da França em 2005, quando 65,1% dos habitantes estavam em idade ativa e 16,5% eram idosos.
Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, a época ideal para promover a reforma da previdência até já passou. “Mas
nunca é tarde. É isso ou a bancarrota”, afirma o pesquisador.
Alves atenta que algumas medidas paliativas podem adiar os efeitos do atraso na reforma previdenciária. Um eventual crescimento econômico prolongado pode permitir que a população ativa, mesmo reduzida, consiga bancar os gastos previdenciários com os idosos. Outra solução temporária seria a formalização da grande massa de trabalhadores que não contribui para a previdência. E, por fim, a pior opção: o governo recorrer aos fundos do Tesouro Nacional para arcar com o déficit previdenciário.
(Veja.com)