Os aumentos sucessivos da taxa básica de juros (Selic) a partir do meio do ano passado fizeram do atual momento econômico uma boa oportunidade para quem pretende investir em um plano de previdência complementar. Como boa parte dos fundos tem percentual elevado de investimentos em títulos de renda fixa, mais conservadores, a Selic em patamares elevados torna os rendimentos mais atrativos para quem pretende buscar garantias no futuro.
Tanto que, em 2013, quando os juros voltaram a subir após atingirem o menor patamar da história, em outubro de 2012, a carteira de investimentos desse tipo saltou 10,54%, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). O número de depósitos aumentou 4,56%. O professor e ex-secretário de Previdência Complementar José Roberto Savoia explica que, em tempos de juros altos, é comum que os investidores deixem de lado os fundos de maior risco, ou seja, as opções que aplicam um grande percentual do dinheiro em ações de empresas listadas em bolsas de valores.
“A experiência mostra que o investidor brasileiro fica relativamente satisfeito com o retorno que está tendo e deixa um pouco de lado os ativos de risco. E a atual taxa básica de juros é bastante interessante”, afirma. Savoia alerta, no entanto, que, nesses momentos de Selic alta, algumas instituições aproveitam para aumentar taxas. “O que passa a ser mais significativo é a comparação entre a taxa administrativa e o rendimento nominal. O investidor tem sempre de comparar as taxas entre as diversas instituições e, se necessário, fazer portabilidade para outro fundo”, completa.
A pesquisa, aliás, deve ir além das taxas. É importante analisar todas as possibilidades de investimento: Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), fundos fechados oferecidos por empresas e sindicatos, a forma de tributação, modelos mais conservadores ou com maior risco. “A partir do momento em que você decidiu fazer a previdência, vira um investimento como qualquer outro. Você tem que decidir o portifólio em que vai investir”, explica o diretor de Gestão de Recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello.
Para o especialista, por ser um investimento de longo prazo, o ideal é optar por modelos mais conservadores. “Particularmente, acho que previdência é um investimento conservador. Não é lugar para ter riscos”, diz. “Se você está achando que o mercado de renda variável vai melhorar, a nossa dica é fazer isso fora da previdência”, completa.
O especialista em finanças pessoais Silvio Paixão, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), explica que o investidor tem que considerar os objetivos que o levam a poupar. Os fundos de previdência são indicados para quem não precisa do dinheiro rápido. “Qual o motivo da previdência? É para a aposentadoria? É para a compra de um bem, como uma casa ou o pagamento de um curso superior? Então, tem que ser um investimento de longo prazo. Senão, a pessoa pode perder os benefícios tributários. Longo prazo é, de preferência, acima de 10 anos, porque você entra nas tabelas de regressão do Imposto de Renda”, explica.
Fonte: Diário de Pernambuco / Suporte Consultoria