Jovens: onde os pais erram na educação financeira dos filhos?

jan 26, 2012 | Notícias

A forma como os adultos administram suas finanças muitas vezes reflete o tipo de educação financeira que receberam quando ainda jovens, ou seja, aquela ensinada pelos pais. Mostrar aos jovens, o mais cedo possível, qual é a maneira mais adequada de lidar com os recursos financeiros pode evitar que estes se tornem adultos inadimplentes, cheios de dívidas e completamente atrapalhados em relação às despesas, gastos e investimentos.

Embora os pais consigam reconhecer que possuem papel fundamental na educação financeira de seus filhos, nem todos sabem onde estão errando. Pensando nisso, a equipe InfoMoney, contando com a ajuda de educadores financeiros, elaborou uma lista que dá luz aos maiores erros na educação financeira dos jovens. Confira:

1. Não saber dizer ‘não’ – o primeiro e maior erro que os pais cometem é não saber dizer não para as solicitações dos filhos. De acordo com o consultor financeiro da Planecon Estratégias, Edson Oliveira, quando os pais atendem a todas as solicitações dos jovens eles perdem a oportunidade de mostrar que tudo tem um sacrifício. “É preciso mostrar que as coisas têm seu valor, que você precisa trabalhar para conseguir o que quer”, explica.

A educadora financeira Márcia Tolotti diz que muitas vezes os pais atendem às solicitações dos jovens porque querem evitar que estes se frustrem, mas esquecem que os filhos serão frutados ao longo de toda vida e nada poderá ser feito para evitar isso. Logo, o mais recomendado é que se ensine a lidar com as frustrações o quanto antes, justamente dizendo alguns “não”.

2. Não conversar – do item anterior, é possível analisar outro erro bem comum: a falta de conversa. Apenas dizer não, não é suficiente. Os pais devem conversar com seus filhos. “Tem que conversar e analisar qual a motivação de um pedido”, diz Márcia. É preciso entender porque o filho está fazendo aquela solicitação e explicar porque você não vai atendê-lo.

“Através de uma conversa você entende o que está se passando na cabeça da criança ou do jovem”, diz Márcia. Você pode descobrir, por exemplo, que ele quer o celular da moda para se sentir parte de um grupo, que se sente inseguro sem tal objeto.

3. Dar dinheiro para amenizar alguma culpa – Márcia explica que é muito comum os pais, mesmo sem perceber, darem dinheiro para os filhos, ou mesmo atender qualquer tipo de solicitação financeira, para amenizar alguma culpa. Ou porque são divorciados, ou porque trabalham demais e por isso acabam ficando muito ausentes, querem compensar isso através do dinheiro.

A questão é: você pode se sentir culpado o quanto quiser, mas se der dinheiro sem critério você só estará colaborando para estragar seu filho. “Você passa a ilusão de que ele pode ter o que quiser”, diz Márcia. Outro erro é querer dar tudo aos filhos, seguindo aquele pensamento: “vou dar tudo o que eu não pude ter quando era criança”. Isso também não vai ajudar em nada sua educação.

4. Consumo versus Consumista – outra questão que deve ser explorada pelos pais é deixar clara a diferença entre consumo e consumismo. Uma coisa é o consumo, que é fundamental, pois todos precisam consumir. Os exageros, porém, que configuram o consumismo, devem ser evitados.

Essa questão é ainda mais delicada por um fator adicional: nem sempre os próprios pais sabem até onde vai o consumo normal e quando começa o consumismo. Sem ter claro esse conceito em mente, será mais complicado passar isso aos seus filhos.

Para ajudar nessa questão, Márcia dá algumas dicas. Analisando três elementos você pode identificar se seu filho está se tornando um consumista: frequência, intensidade e motivação. Observe com que frequência ele te pede dinheiro. “Se notar que toda semana ele está pedindo alguma coisa, possivelmente ele está se tornando um consumista”, diz Márcia.

Em relação à intensidade, observe se ao pedir alguma coisa e ter a solicitação negada ele desiste ou fica insistindo, chorando e fazendo birra. Se for essa sua atitude, cuidado. Por fim, identifique qual a motivação por trás do pedido: é porque ele precisa ou porque todo mundo têm?

5. A mesada – oferecer um valor fixo é fundamental para que a criança ou o jovem comece a lidar com o dinheiro, mas é preciso alguns cuidados. O dinheiro deve ser dado com regularidade, sempre no mesmo dia do mês, se possível. Não permita que a criança receba de outras fontes, como dos avós, ou do pai ou da mãe, caso sejam separados. É preciso que os pais conversem e entre em acordo.

Além disso, a mesada deve estar de acordo com a idade da criança e com a sua classe social.

6. Excluir os filhos dos problemas financeiros familiares – Edson Oliveira acredita que é um erro não envolver os jovens nos problemas financeiros familiares. Desde cedo ele deve entender o quão importante é economizar e poupar, e entender sobre os problemas que a falta de planejamento financeiro pode acarretar.

“O problema financeiro familiar é uma questão que todos devem estar envolvidos”, diz Oliveira. A criança tem que entender que não vai poder comprar o tênis que ela quer porque há dívidas a serem resolvidas.

(InfoMoney)

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