Quando o assunto é previdência, não restam dúvidas: quanto antes você começar a pensar nisso, melhor! “O ideal é começar logo nos primeiros anos da carreira porque quanto mais tempo você investir em um plano de previdência privada, maior será o capital acumulado”, afirma Miguel Leôncio, professor do MBA de Gestão atuarial e financeira da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI).
Planos abertos e fechados – Leôncio explica que são dois os tipos de planos de previdência: abertos e fechados. Os abertos são oferecidos por bancos, gestoras de fundos e seguradoras, disponíveis para pessoa física, nas modalidades Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).
Já os planos fechados – também chamados de fundos de pensão – são vinculados a empresas e oferecidos como benefício exclusivo para seus funcionários. As principais vantagens dessa modalidade de previdência são as taxas de administração subsidiadas pela companhia e, em alguns casos, a companhia contribui para a aposentadoria de seus colaboradores, com uma quantia que pode chegar a 100% do valor do aporte de cada empregado. Dessa forma, a cada um real depositado pelo funcionário, a empresa contribui com mais um real.
Segundo o professor, se o profissional tem a possibilidade de entrar em um plano de previdência fechado, não há o que pensar, pois os benefícios são muito vantajosos. Já aqueles que não contam com esse recurso devem decidir entre as modalidades Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), dos planos abertos, que se diferenciam por questões tributárias.
Para quem usa o modelo simplificado de Imposto de Renda ou para as pessoas que não pagam IR – como é o caso de muitos jovens no início da carreira -, do ponto de vista tributário, os VGBLs são mais vantajosos. Além disso, o imposto incide apenas na rentabilidade. No caso dos PGBLs, o investidor consegue abater as contribuições para previdência do IR, desde que ele utilize a declaração completa, até um limite de 12% da renda tributável. Outra diferença é que o imposto só incide na hora do resgate, mas sobre o montante acumulado ao longo dos anos.
Taxas administrativas e de carregamento – As taxas cobradas nos fundos de previdência são compostas por taxas de administração anuais, que variam de 1% a 3% e, no caso dos fundos de previdência aberta, também há uma taxa de carregamento, que incide sobre cada contribuição e pode chegar a 5%. Ou seja, toda a vez que o investidor fizer um aporte, a taxa irá debitar um percentual de cada um de seus depósitos. “É importante negociar as condições comerciais que irá adquirir, pois as taxas de administração podem ser muito altas”, diz Leôncio.
Características dos regimes tributários dos planos de previdência – Todas as pessoas que entram em um plano de previdência, seja ele aberto ou fechado, devem optar entre dois regimes tributários: progressivo, na qual as alíquotas aumentam conforme a quantia investida no fundo, e regressiva, cujas alíquotas diminuem com o tempo.
A opção pela tabela regressiva é indicada quando o investidor tem perspectivas de acumular um alto patrimônio e permanecer no fundo por mais de dez anos. Já a tabela progressiva é a melhor opção para aqueles cuja expectativa de acumulação de patrimônio for baixa ou que não pretendem permanecer por muito tempo no fundo. Confira abaixo as tabelas com dados de 2012:
Atenção aos simuladores – Uma dica do especialista é ter muito cuidado com a rentabilidade estimada nas simulações de previdência privada. Essas ferramentas apresentam resultados absurdos, desconsiderando as variações da inflação. Segundo o professor da FIPECAFI, o ideal seria basear-se numa taxa de juros real de 5% acima da inflação ao ano. Porém, por serem investimentos de longo prazo, os planos de previdência são também os mais imprevisíveis, já que é impossível prever as mudanças na economia em 20 ou 30 anos.
A melhor forma de fazer uma previsão, indica o especialista, é estabelecendo o valor total que deseja acumular em vez da renda mensal que pretende receber. Confira abaixo uma simulação de quanto é preciso poupar para acumular R$ 500 mil no período de 30, 20 ou 10 anos, considerando uma taxa de juros real de 5% acima da inflação ao ano.
Dividindo o montante em 15 anos ou 180 meses de aposentadoria, os R$ 500 mil economizados resultam em uma renda mensal de R$2.777,77. Além da contribuição mensal, Leôncio pontua que o ideal é fazer um depósito adicional por ano na previdência privada, aproveitando algum bônus que o profissional receba ou até mesmo o 13° salário. “Outra dica é aumentar gradativamente a contribuição. Isso ajuda muito na capitalização e evita problemas no orçamento.”
Quanto você precisa investir para acumular R$ 500 mil para sua aposentadoria:
Em 10 anos – R$ 3,2 mil por mês
Em 20 anos – R$ 1,2 mil por mês
Em 30 anos – R$ 600 por mês
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