Juros do cheque especial são os maiores desde 2006

jun 7, 2011 | Notícias

Consumidor que pegou grana do limite emprestada um ano atrás veria conta dobrar
O custo para pegar grana emprestada ficou maior em quase todas as modalidades de crédito entre abril e maio. O cheque especial foi a que mais subiu, segundo a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). No mês passado, a taxa passou de 155,20% ao ano e atingiu o maior nível desde abril de 2006.Em uma conta simples, equivale a dizer que se a conta bancária estivesse no vermelho em R$ 300 no ano passado, um ano depois o total que o cliente deveria desembolsar para repor o crédito e os juros seria R$ 765,59.
Em números, as taxas do especial passaram de 150,98% ao ano (o equivalente a 7,97% ao mês) para 155,20% ao ano (ou 8,12% ao mês). A taxa de abril de 2006 estava em 156,33% ao ano (8,16% ao mês).A Anefac diz que, de seis linhas de crédito pesquisadas, somente a do cartão de crédito não aumentou no período. O rotativo continuou em 10,69% ao mês (ou 238,30% ao ano). A taxa, que é a maior já vista desde 2000, não muda há mais de um ano.
A conta do cartão seria a seguinte: se o cliente tinha uma dívida de R$ 300 no rotativo em junho do ano passado, em maio deste ano ele veria essa conta passar para R$ 1.014,90. De entre abril e maio deste ano, a mesma dívida passaria para R$ 332,07.
No caso dos juros cobrados pelo comércio, a taxa passou de 94,05% ao ano (5,68% ao mês) para 95,15% ao ano (5,73% ao mês). O CDC (Crédito Direto ao Consumidor) de bancos foi de 32,77% ao ano (2,39% ao mês),em abril, para 33,23% ao ano (2,42% ao mês).

Os empréstimos de bancos aumentaram suas taxas de 73,52% ao ano (4,70% ao mês) para 74,52% ao ano (4,75% ao mês), enquanto os das financeiras foram de 195,20% ao ano (9,44% ao mês) para 196,50% ao ano (9,48% ao mês).
O crediário de loja também foi analisado. Dos doze tipos de comércio pesquisados, todos elevaram suas taxas de juros no mês.

Crédito escasso

No último mês de 2010, o Banco Central ampliou a fatia dos depósitos compulsórios (a grana que os bancos são obrigados a deixar nos cofres do BC), o que foi visto como uma forma de tirar dinheiro de circulação. Foram tirados de circulação mais de R$ 70 bilhões, segundo a Anefac.

Na mesma ocasião, o BC aumentou a exigência de capital para operação de crédito a pessoas físicas com prazos superiores a 24 meses. Isso forçou os bancos a ficarem mais restritivos com o crédito para a compra do carro novo, por exemplo.

Em janeiro, março e abril, a taxa básica de juros aumentou, o que encareceu o dinheiro. Em abril, o governo aumentou a mordida do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de empréstimos longos para o consumidor.

Tudo isso tem um motivo principal por trás: o controle da inflação. A ideia é deixar o crédito mais caro para esfriar o consumo e baixar um pouco os preços. Nos últimos 12 meses (entre junho de 2010 e maio), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), usado como parâmetro da inflação do governo, ficou em 6,55% – acima da margem de segurança de 6,50% para a inflação.

Na pesquisa, a Anefac ainda considera os juros para as empresas. Das três linhas de crédito pesquisadas (capital de giro, desconto de duplicatas e conta garantida), todas aumentaram.

A taxa de juros média geral para pessoa jurídica passou de 3,96% ao mês (59,37% ao ano) em abril/2011, para 4,03% ao mês (60,66% ao ano). Atualmente, esta é a maior taxa de juros média desde junho de 2009.

( R7)
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