(Em um futuro não muito distante)
Hoje ouvi uma palavra antiga, que os mais novos não sabem exatamente o que significa: aposentadoria.
E ouvir esta palavra me levou a refletir em como o mundo mudou nos últimos anos. Na Era Industrial, o trabalho braçal era o mais significativo e por esta razão profissionais deixavam as organizações conforme a idade avançava.
Veio a Era do Conhecimento e inicialmente o mundo viveu uma adaptação. Com computadores pessoais e diversos outros aparelhos portáteis, a gestão do conhecimento ficou muito mais fácil, mas também “aprisionou” os profissionais daquela época, levando os executivos das empresas a um paradoxo: diferentemente da Era Industrial, os profissionais mais bem formados e mais bem pagos trabalhavam mais horas, tinham maior carga de stress,diferentemente dos profissionais da base da pirâmide hierárquica.
Houve ainda outra equalização. A expectativa de vida aumentou assim como a qualidade deste tempo adicional de vida. E quando isto começou a acontecer, empresas e profissionais viveram um dilema. Os estatutos das empresas previam idade máxima entre 55-60 anos para permanência na organização, enquanto os executivos com esta idade ainda tinham perfeitas condições físicas e psicológicas de continuar a atividade por mais 10 anos.
E é aí que entrava a tal da palavra aposentadoria, que significava um período em que o profissional deixava de trabalhar, vivia com economias feitas ao longo de sua trajetória profissional e finalmente “descansava”. Pensar neste cenário hoje em dia não faz nenhum sentido, mas acredite, se pensava assim antigamente!
É preciso dizer que foi a melhora na gestão do conhecimento e a utilização das novas tecnologias que permitiu com que hoje não vivêssemos mais a aposentadoria. Com a empresas compreendendo que os conhecimentos dos profissionais com mais de 55 anos não se conseguem fazendo um MBA e processos sucessórios não se fazem com fase outs de curto prazo e desenhos no Power Point, o mundo corporativo viveu uma revolução.
Hoje, empresas conseguem reter melhor os conhecimentos e históricos de mercado gerados por seus executivos. Conhecimentos estes necessários para se desenhar melhor processos de internacionalização, expansão ou mesmo de desinvestimento em um mundo que ficou muito pequeno, porque a globalização não mais significa uma empresa estender sua nacionalidade e way of doing things em diferentes países e sim ser um mix do conhecimento produzido nos países onde ela atua.
Não foi fácil. As redes sociais criadas lá atrás, evoluíram e nos ajudaram a chegar aqui. E tinha gente que dizia que o Facebook era só para a garotada e que nunca seria de fato uma ferramenta útil.
Mas é assim mesmo na história da humanidade, não é?
Importante também foi a conscientização dos profissionais de que carreira não é trabalhar para somente uma empresa, ter somente uma ocupação e limitar toda a capacidade do cérebro humano a poucas e longas atividades. Hoje, na Era do Conhecimento Avançado, a palavra aposentadoria não faz mais sentido porque produzimos com a mente. E com melhor saúde e longevidade, sentir-se e de fato ser produtivo é muito mais fácil hoje do que era antes. Ainda bem que o mundo mudou.
Fico pensando agora, como seremos no futuro?
Boa sorte!
fonte: exame.abril.com.br