Artigo escrito por Myrian Lund, especialista em finanças
A pandemia e agora a guerra da Rússia e Ucrânia têm mostrado para o mundo o impacto da globalização nas cadeias de produção.
> Cada país ter a sua especialização e contribuir para a linha de produção pode tornar a produção mais célere. Entretanto, no momento que a economia de um país para repentinamente de produzir, os preços sobem absurdamente. Vide preço dos automóveis novos e usados.
> Com o desequilíbrio na oferta, preços sobem e consequentemente a inflação se espalha: inflação alta em todo o mundo.
> Todos os produtos tradables que são comercializados entre países, e que não precisam de especialização (são commodities), têm seu preço baseado no dólar. Se falta produtos, o preço em dólar sobe e, consequentemente, em reais.
> A globalização faz o dinheiro circular livremente entre países: quando entra dinheiro no Brasil, a cotação do dólar cai. O preço do real/dólar depende desse fluxo de recursos. É um fluxo especulativo. Quando há incerteza, o dinheiro foge de países emergentes. Quando o Brasil começou a subir a taxa de juros da economia, enquanto os países desenvolvidos mantiveram taxa baixa, abriu spread significativo, permitindo aos investidores estrangeiros (especulativos) assumir o risco Brasil, seja na bolsa, seja em renda fixa.
>Entretanto, na semana passada o mercado internacional levou um susto com uma inflação que há mais de 40 anos não acontecia e já estão anunciando aumento de taxa para os próximos meses. Com essa notícia, dinheiro que estava no Brasil toma novo rumo. O dólar no Brasil volta a subir e a cotações em bolsa de valores caem.
Essa volatilidade é natural em um mundo globalizado, mas traz muita incerteza para os brasileiros. Vamos ver algumas dicas para cuidar do dinheiro:
Dica 1: rever todas as despesas. O que posso eliminar? O que posso reduzir? O que posso renegociar? Reduzir custos é essencial, pois a inflação no Brasil está em 11,30% nos últimos 12 meses, e vai continuar subindo todo mês, provavelmente numa intensidade menor. Mas se os preços sobem todos os meses e o seu salário uma vez por ano, e nem sempre de acordo com a inflação, é possível imaginar a dificuldade para fechar as contas do mês.
Dica 2: antes de comprar um produto, faça três perguntas. Eu preciso deste produto? Tem que ser hoje? Eu tenho dinheiro? Se responder não para uma dessas questões, deixe a compra de lado para outro momento.
Dica 3: ter reserva de emergência. Comece aos poucos, com R$ 10,00, R$ 30,00 ou R$ 50,00, o que for possível. Mas guarde dinheiro. Onde? CDB-DI (com taxa entre 98 e 100% do CDI) com liquidez diária. Se a instituição tiver um valor mínimo, comece na poupança. O objetivo é chegar a 3 meses do gasto mensal.
Dica 4: evite fazer parcelamento de compras na loja (sem juros). Isso é uma ilusão, pois está comprometendo meses futuros com despesas deste mês.
Dica 5: evite fazer empréstimos, mas se for muito necessário, negocie a taxa com o seu gerente de forma que fique, no máximo, entre 2 e 2,5% ao ano
Dica 6: reduza os limites do cheque especial e do cartão de crédito. Normalmente os bancos disponibilizam uma linha muito maior que precisamos, o que leva à tentação de gastar mais que podemos em momentos de restrição orçamentária.
Dica 7: não resgate dinheiro da previdência; imagine que este dinheiro não existe. Deixe o dinheiro quieto trabalhando para você. Você não vai se arrepender, eu garanto!!!
Dica 8: com as taxas de juro elevadas no Brasil, opte por fazer investimentos em renda fixa: indexado ao CDI, prefixada e, principalmente, inflação + juros.