Os impactos da inflação nos investimentos, artigo por Myrian Lund.

jul 11, 2024 | Destaque, Notícias

Segundo pesquisas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), indicador oficial do Brasil sobre a inflação, foi registrada a taxa de 0,21%, inferior à observada no mês de maio (0,46%). A informação foi divulgada na quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para auxiliar os participantes a refletirem sobre a influência da inflação nos investimentos, convidamos Myrian Lund, especialista em finanças, para redigir um artigo explicativo sobre o panorama econômico e sua confluência com o cenário previdenciário.

Leia a matéria na íntegra a seguir:

Fonte: https://exame.com/economia/ipca-inflacao-junho-2024/

Como a inflação influencia meus investimentos?

Essa é uma questão muito importante no mundo dos investimentos, inclusive é fundamental na tomada de decisão para o médio e longo prazo.

Quando falamos de investimento e formação da Reserva Financeira, é importante estarmos distinguindo os 3 tipos de reservas que precisamos focar:

  • Reserva de Emergência – Como o nome diz trata-se de recurso voltado para uso em situações imprevistas, como a perda de um emprego, uma redução nas fontes de renda, uma doença, entre outros fatos. Nesse sentido a reserva de emergência tem que ser aplicada em liquidez diária e de baixo risco, para não sofrer volatilidade. Aqui o objetivo é segurança em detrimento da rentabilidade. Até porque se constitui em um valor limitado a 3x a 6x o seu gasto mensal
  • Reserva para Aposentadoria – Essa reserva costuma ser feita por um gestor profissional, via Previdência Complementar, que administra os recursos em busca do retorno no longo prazo. O foco do gestor é ter uma performance que supere a inflação baseada na meta atuarial
  • Reserva para os sonhos – essa reserva pode ser para diferentes prazos (curto, médio e longo prazo), o investidor precisa definir o horizonte da aplicação para escolher o investimento mais adequado.

E qual é o melhor investimento?

O melhor investimento é aquele que vai atender suas necessidades para que possa realizar os sonhos e objetivos de vida. Mas um parâmetro é fundamental, principalmente para o médio e longo prazo: superar a inflação, ou seja, apresentar um ganho real.

Historicamente, as pessoas buscam renda variável, para alcançar no médio e longo prazo inflação+6%aa na média. O que está acontecendo hoje no Brasil é que a taxa de juros da economia, a taxa Selic, está em 10,50% aa e a inflação, medida pelo IPCA, índice oficial, está em 4,23% nos últimos 12 meses, uma taxa de juro real de 6,02% no ano, o que desestimula a renda variável. Mas se trata de momento atípico, onde o Banco Central, para atingir a sua meta de 3% em 12 meses, está mantendo a taxa de juros elevada.

Dia 10/07/2024 foi publicada a inflação de junho, que ficou em 0,21%, abaixo das projeções que apontavam 0,28% no mês. O mercado anseia pela queda da taxa Selic nas próximas reuniões do Copom, Comitê de Política Monetária, para reativar a economia. Com a queda da taxa, o primeiro segmento que ganha expressão é o crédito imobiliário, hoje estacionado e o crédito para empresas. No mercado de capitais, as bolsas de valores também seriam beneficiadas, pois, com juro real menor nas aplicações de renda fixa, haveria uma procura maior pelo mercado de ações.

Mas a inflação brasileira no presente não é a única variável para definir a taxa de juros, pois a taxa de juros no mercado americano também é um impeditivo para o Brasil reduzir sua taxa. Outro ponto importante é a expectativa de inflação para o futuro, que pode ser penalizada em decorrência do afrouxamento na política fiscal (gasto do governo acima da receita).

Enfim, a decisão brasileira de taxa de juros é baseada no tripé: inflação, câmbio (fluxo de recursos Brasil-exterior) e política fiscal. Nesse sentido, ainda não dá para se afirmar que veremos uma queda significativa da taxa de juros este ano, apesar de estarmos vivenciando uma inflação menor. A taxa de juros americana impacta o fluxo de recursos entre os países e os gastos do governo, acima da receita, também geram uma incerteza futura, com consequente aumento da inflação.  Por isso, a procura por renda fixa permanece elevada no Brasil.

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