As mudanças de regras na Previdência Social fez o tema aposentadoria ressurgir com força nos investimentos. Preocupados com o futuro incerto dos benefícios do INSS, mais brasileiros passaram a aplicar em planos de previdência privada.
A captação de janeiro a setembro bateu recorde, foram R$ 26,1 bilhões, crescimento de 45,8% comparado ao mesmo período do ano passado (R$17,9 bilhões). No acumulado em 12 meses, a previdência privada tem captação de R$ 39,4 bilhões.
Nem mesmo a renda fixa, preferida entre os investidores em momentos de juro alto, tem tido um bom desempenho. Em 12 meses, até 27 de outubro, os saques superaram as aplicações em R$ 25,4 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Parte da explicação para a ascensão da previdência está na crise fiscal e econômica. Para diminuir o rombo nas contas públicas, o governo alterou a regra da aposentadoria, baseada agora na fórmula conhecida como regra 85/95. A solução é apenas paliativa e espera-se que o governo proponha a idade mínima em 60 e 65 anos, respectivamente, para mulheres e homens.
“Em momentos de crise, onde se comenta muito as dificuldades do Estado de manter os benefícios da previdência, aumenta a consciência do público de que pra ter uma aposentadoria digna, será preciso ter mais condição financeira”, diz o vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Lúcio Flávio de Oliveira. Momentos como o que o Brasil passa ajudam o investidor a perceber que ele é o responsável por fazer uma poupança previdenciária, segundo Oliveira.
A crise econômica também influencia a tomada de decisão. “A inflação em alta impede o poder de compra dos consumidores, o que deixa as pessoas preocupadas com o futuro. Elas entendem que é necessário ter uma aposentadoria complementar”, afirma a diretora da Anbima, Luciane Ribeiro.
Longo prazo
A própria natureza da previdência, um produto essencialmente voltado para o longo prazo, explica o motivo para o baixo número de saques. A diretora de previdência e vida resgatável da Mapfre, Maristela Gorayb, afirma que o “timing” da previdência é diferente. “Se o investidor precisa sacar, opta por tirar de outros produtos primeiro, como os fundos de renda fixa voltados para curto e médio prazos”, diz.
No curto prazo, especialistas não consideram os planos de previdência a melhor opção. “Se você tem um objetivo de investir por menos de dez anos tem que fazer muita conta para ver se vale a pena”, diz Maristela. Benefícios como a alíquota regressiva de Imposto de Renda, que chega a 10% depois de dez anos de aplicação, só são colhidos no longo prazo.