Cálculos do Banco Mundial, que apoia projeto de educação financeira em escolas no Brasil, mostram que a economia tende a crescer se a população tiver mentalidade de poupança
Enquanto o governo brasileiro vem tomando medidas para tentar estimular o consumo, com o objetivo de aquecer a economia, um cálculo do Banco Mundial (Bird) mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode crescer se a população poupar mais. A cada 1% que os brasileiros pouparem a mais, o impacto no crescimento da economia do País pode ser de 0,25 ponto percentual, diz Arianna Legovini, diretora do programa de Avaliação do Impacto sobre o Desenvolvimento (DIME), do Bird.
“Se a população poupasse mais 1%, o impacto poderia ser de R$ 7,5 bilhões no PIB,” afirmou Arianna, que participa de um evento da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), que acontece na sede da BM&FBovespa, em São Paulo. Segundo ela, o número não é exato, mas apenas uma estimativa, para dar sentido do que significaria um pequeno aumento da poupança. A conta também considera que os recursos poupados seriam transformados em investimentos.
Educação financeira pode evitar consumo exagerado
Para Boris Utria, vice-diretor do Banco Mundial para o Brasil, o cálculo mostra o quanto um projeto de educação financeira que estimule as pessoas a poupar pode ter um efeito positivo na economia. “Imaginem se todos os brasileiros tivessem uma mentalidade de poupança, o crescimento da economia poderia ser maior ainda,” afirmou.
Atualmente, apenas 21% da população brasileira têm o hábito de poupar, segundo Marialisa Motta, diretora de desenvolvimento do setor privado e financeiro do Banco Mundial para América Latina e Caribe.
Os executivos do Banco Mundial participam de um workshop sobre os resultados de um projeto piloto de educação financeira executado em cerca de 900 escolas públicas brasileiras entre agosto de 2010 e dezembro de 2011, com 26 mil estudantes do ensino médio. Veja: Governo lança programa piloto de educação financeira nas escolas públicas
O projeto foi uma iniciativa de entidades públicas e privadas brasileiras, entre elas a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a BM&FBovespa, e teve o apoio do Bird, que avaliou a eficiência de todo o trabalho.
Investimento de apenas R$ 10 milhões
Com um custo estimado em R$ 3 milhões, segundo a BM&FBovespa, o projeto realizado com alunos de ensino médio incluiu temas de educação financeira no currículo escolar dos jovens, que passaram a lidar com 72 situações que envolviam suas finanças pessoais nas aulas de matemática, português, ciência, geografia, história e outras.
O resultado obtido mostrou uma melhora no conhecimento dos estudantes sobre a educação financeira e melhorou as atitudes e o comportamento deles com relação às finanças pessoais. Após o projeto, eles ficaram mais propensos a administrar suas despesas, conversar com os pais sobre questões financeiras e ajudar na organização do orçamento familiar, segundo a Associação Brasileira de Educação Financeira, que foi criada no ano passado para centralizar os esforços do projeto.
(IG)